quarta-feira, 28 de junho de 2017

Memórias de uma mulher de ferroviário - parte III

       Já tínhamos morado neste lugar. Os moradores eram poucos, pois os muitos operários foram indenizados e foram embora do lugar. Eu fiquei muito feliz e ao mesmo tempo, triste porque  eu voltei para a terra natal. Feliz por quê? Porque o capricho do meu marido foi impressionante: tudo muito arrumado, os móveis simples mas tudo pintadinho, a casa toda pintada, calçadas feitas com pranchas de madeira, tinha até um pequeno quintal. Foi a partir daí que eu comecei a viver minha vida, muito feliz. Porque, como se dizia naquela época: se quisesse ser alguém na vida, você tinha que rolar. Mas essa alegria não durou muito tempo, logo veio a notícia que o Zezo tinha sido transferido para Canivete, estação depois de General Osório (Mafra).Ao fazer a mudança, tivemos que ficar três dias dentro do vagão junto com nossas coisas, porque a casa em que moraríamos estava há muito tempo abandonada, sem condições de nela morar. Não durou muito tempo e, novamente o Zezo foi transferido, desta vez para a localidade de Bugre, outro lugarzinho feio. Meu marido gostou de lá, porque na folga dos trens de carga ele podia sair na companhia de um amigo para pescar e caçar. Quando voltava pra casa, sempre me trazia um agradinho que comprava no trem: Chocolate, maçã, revista O Cruzeiro.
Eu, sempre me preocupava quando ele saia pra caçar e chegava tarde da noite. Nós morávamos na estação, não tinha luz elétrica, só lanterna e lampião, rodeado de mata. Atrás da estação tinha um barranco e mais adiante um pinheiral, onde os jagunços mataram muitas pessoas e deixaram seus corpos pendurados nos pinheiros. Em frente a estação, passavam muitos andarilhos que perambulavam sobre os trilhos e dormiam na plataforma. Mais adiante passava o rio Negro. Quanto medo eu passei sozinha naquela época!
Mas, o que divertia, é quando o sinhozinho Fermino Pacheco ia para Curitiba com a família, pois eles eram as pessoas mais respeitadas do lugar, a casa deles, que eu considerava uma mansão, ficava depois do pinheiral. O trem passava às onze horas. A família já vinha para a estação, lá pelas 9 horas, por um carreiro, pois não havia rua. Primeiro o senhor Fermino e logo atrás a esposa, todos encasacados. Em seguida, vinham os empregados, os peões que traziam a bagagem, depois as damas da esposa  e por último a cozinheira e os cachorros. Era divertido vê-los. Quando voltavam de Curitiba era a mesma coisa. Também tinha um irmão do seu Pacheco que morava um pouco mais adiante. E, o homem morre. Imaginem a festa!!! Churrasco a noite toda, não era pra deixar ninguém sem comer, veio gente de tudo quanto era lugar, e um monte de afilhados do seu Pedro Pacheco. Os peões mataram um boi e a comilança se estendeu por todo o velório. As mulheres que sabiam costurar, costuraram a noite toda, porque a família tinha que acompanhar o enterro todos de preto pra demonstrar luto (esta roupa se vestia por um ano). Eram três ou quatro filhas, mais a esposa e alguns parentes. Nunca costurei tanto como pra aquele velório. Eu cortava o tecido, que tinha sido comprado em Três Barras e as outras mulheres passavam a máquina. Mas, que foi todo mundo da família de preto, foi. O caixão com o falecido atravessou o rio Negro num bote. Um velório desse era um divertimento na época.
Tempos depois, comecei a ficar doente, devido ao lugar. Atacou-me um reumatismo! Então o Zezo pediu para a chefia de Curitiba, departamento pessoal onde meu tio era um dos chefes, a sua transferência. Demorou, mas saiu. O Zezo podia escolher Marcílio Dias ou Três Barras. Escolhemos Marcílio Dias, onde moramos em três casas alugadas. Depois mudamos para o restaurante, após a saída da dona Nena (Petronilla Dittrich), mãe da Doutora Adaír. Fiquei um ano e meio no restaurante mas, preferi sair porque não me adaptei. Foi aí que, o Francisco Pazda assumiu o restaurante e mais tarde se casou com a Beti e tocaram o restaurante por muito tempo. Nos tornamos  amigos, a família ferroviária sempre foi unida. Devo muito, também a dona Regina Aguiar. Quando cheguei para morar em Marcílio eu não conhecia ninguém, fui morar onde era o açougue do Brudi. Um dia, aquela senhora simpática, bateu em minha porta e ela falou que veio fazer uma visita, porque achava ruim alguém vir morar num lugar onde não se conhecia ninguém. Fizemos amizade também, com o casal Wando e Jurema S, gente muito boa. Dona Regina me convidava sempre pra irmos no cemitério todo sábado, onde ela levava flores pra seu pai que ali estava enterrado. Também íamos assistir aos jogos de futebol e não perdíamos um velório. Agradeço muito a ela por tudo que fez por mim. Outra pessoa amiga foi a Ecilda Borba Gallotti que me ajudou muito quando chegou minha primeira filha, pois eu não tinha nenhum parente por perto. Ela trazia para mim, pão feito, lavava as roupinhas da minha filha. Outra pessoa que muito fez por mim, também, foi o Pedrinho Gallotti, ele cuidava da minha filhinha pra eu poder fazer fazer o serviço de casa, no seu colo ela dormiu muitas vezes. As crianças do Pedrinho e da Ecilda cuidavam também da minha filha puxando ela num carrinho. Quando ela aprendeu a andar, fugia por um ripa solta da cerca e corria para o restaurante, a Beti cuidava dela e a Beatriz brincava muito com ela. A dona Ivanira Campos também foi uma grande amiga. É como eu já escrevi: éramos uma grande família, uma família de ferroviários.
CONTINUA....
Dona Irene.
 

Lembranças da nossa vila

Professora Marilde Salomon Ruppel e alunas da Escola Manoel.

Casal Arno Erika Ramthum num desfile da 7 de setembro pela
Escola Manoel.

Autoridades numa solenidade de formatura da Escola Manoel.
Palestra com moradores de Marcílio Dias. Escola Manoel.

Não tenho data das fotos.

domingo, 25 de junho de 2017

Memórias de uma mulher de ferroviário - Parte II

  "Fui morar em Curitiba com outra tia para aprender a costurar. Lá fiquei durante quatro anos. Então, eu não sei o que era ser adolescente e jovem. Com treze anos já tinha responsabilidades como cuidar dos irmãos, ajudar os pais, fazer o serviço da casa, cuidar de cada irmãozinho que nascia. Era muito difícil, mas ao mesmo tempo era bom porque aprendi a me virar na vida a não receber tudo pronto.
   Quando fui pra Curitiba já conhecia o Zézo (José meu futuro marido), a gente namorava de longe, só nos encontrávamos quando eu tirava uns dez dias de férias, quando minha tia, que era professora, pegava férias.
    O Zézo começou a trabalhar na Rede Ferroviária quando tinha dezesseis anos em Corupá, depois em Jaraguá. Quando a gente se encontrava sempre tinha um irmão junto vigiando. Mais tarde ele retornou para General Osório para trabalhar na estação. Eu voltei de Curitiba, foi, neste tempo, que  a Indústria Pigatto transferiu-se para Calmon, eu fui com meus pais, fiquei lá por onze meses,  já era noiva. O Zézo me fez uma surpresa, foi trabalhar como substituto lá em Calmon. O lugar onde moramos ficava a dezesseis quilômetros da vila, nem igreja tinha. No centro de Calmon, que era bem povoado, tinha a estação do trem, igreja, cartório. Foi onde eu e o Zézo nos casamos.
    Zézo voltou pra General Osório pois já tinha vencido o tempo de férias do funcionário que ele estava substituindo. Quando retornou pra Calmon foi para casarmos, no dia 12 de setembro de 1959. Chovia muito naquele dia,  fui casar de caminhão que deslizava na estrada de barro. O casamento foi realizado às 10 horas e o convidados participaram do almoço, janta e muitos posaram na casa dos meus pais e só foram embora no domingo. Todos os empregados da serraria foram convidados, naquela época não se deixava ninguém de fora, nem amigos nem parentes. O churrasco foi assado em espeto de madeira e assado em buracos feitos no chão. Como chovia muito meu pai fez embaixo de um rancho. Minha mãe com a ajuda de parentes fez o almoço com maionese e outros pratos e os cuques. O bolo e o meu vestido de noiva, foi a mulher do patrão que fez.
       Na segunda-feira retornamos embora pra General Osório onde moramos  numa casa alugada."
Continua...
Casamento de Zézo e Irene. Foto tirada num
estúdio em Mafra, uma semana depois
do casamento. Por causa da chuva, não foi
possível tirar no dia da festa.
 

sábado, 24 de junho de 2017

Futebol no Estádio Wiegando Olsen

   Nesta tarde de sábado, aconteceu, duas partidas de futebol no Estádio Wiegando Olsen.
Equipe Souza e Souza

Grêmio Marcílio dias.

                                Ubec x Amigos FC

sexta-feira, 23 de junho de 2017

O sol voltou a brilhar

   Depois de vários dias nublados, nesta sexta-feira o dia amanheceu com sol brilhando. Confiram as imagens desta manhã:

Cerejeira-do-japão. Rua Miguel Barabacha.

Rua Germano Raabe, que vai para o Parado.



Agradecemos aos proprietários da Empresa Souza e Souza e ao Policial da
reserva "Sabonete" pelos trabalhos de limpeza que realizaram no pátio da estação.

Rua Germano Raabe.


Rua Bernardo Metzger.

A primeira escola de Marcílio Dias

     Vou falar de novo sobre coisas de minha terra. Mas já dizia um poeta maior: “Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha”. Não cantarei. Contarei.
Era em lindo estilo Enxaimel aquela que foi a pioneira escola de Marcílio Dias. No mesmo local onde hoje se encontra a Escola “Manoel da Silva Quadros”. Mas não ficava à margem da estrada, não. Ficava bem ao fundo, bem no alto, bem longe da poeira e do barulho da rodovia Bernardo Olsen, onde se chegava desfilando sob uma alameda de cedros.
Cedro era o nome das frondosas árvores que lá viviam, altaneiras, apontando para o céu. Um dia me disseram que o nome correto era cipreste. Mas para mim continua sendo cedro. Assim as conhecemos e assim continuamos a chamá-las. Cedros e cedrinhos, as belas árvores que enfeitam os nossos jardins e as nossas praças.
E lá ao fundo a escola. A Escola São Bernardo. Com uma sala de aula que tinha até uma estufa de ferro ao centro com longa chaminé que se exibia telhado acima e afora apontando para o céu e trazia o doce aquecer dos dias de inverno. Com um lindo avarandado de onde se descortinava uma paisagem maravilhosa, a perder de vista. Os rios Canoinhas e Negro, os campos, a ferrovia e mais a feia fumaça da enorme serraria que era a Lumber, em Três Barras. E em plano perpendicular, anexa à escola, a residência do professor, formando um só conjunto.
Uma escola alemã para a Colônia São Bernardo. Era a Escola. Nela estudaram minhas irmãs e meus irmãos mais velhos. E uma plêiade de jovens cujos pais, naquela época, tiveram a lucidez necessária para fazer com que seus filhos não só aprendessem as primeiras letras, mas que tivessem uma visão de cultura, uma visão de futuro. Ensinava-se a língua alemã. A cultura alemã. As músicas e as canções alemãs.
E havia a biblioteca. Com literatura alemã e portuguesa também. Muitos livros infantis. A semente que formou ávidos leitores e a biblioteca que permanece. Um legado de amor.
Segundo contavam minhas irmãs, foram dois os professores que por lá passaram e tudo ensinavam. O professor João Moeller, que penso tenha sido o primeiro e depois o professor Johanes Rothert. Lembro do professor Rothert.
Não estudei na Escola São Bernardo. Em algum dia entre 1937 foi implantada a Escola Pública Estadual. Ficava mais abaixo, em outra rua. Era de madeira, construída ao estilo Marcílio Dias, como eu costumava chamar. Tábuas colocadas transversalmente, encaixadas umas às outras. Uma sala de aula com uma pequena varanda à frente.
A primeira professora da Escola Pública foi Sylvia Soares de Carvalho (depois Schossland). Morava em nossa casa. E eu ia com ela para as aulas. Não me perguntem como foi esta história porque não lembro. Mas eu ia. Não havia Jardim de Infância, nem Maternal ou nada parecido. Mas eu ia para a aula. Depois foi a vez de Dona Jusselina de Paula e Silva (depois Nunes). Que também ficou morando lá em casa.
Assim como na Escola Alemã, na Escola Pública era uma sala só e um só professor para todas as classes. Mas em um dia de um ano que não sei qual foi não havia mais a Escola Alemã. Diziam que foi por causa da guerra. Da Segunda Grande Guerra Mundial.
O que eu sei é de um tempo em que as coisas já estão mais nítidas na memória. Que em 1942 havia a escolinha onde a professora Jusselina dava aula para o primeiro ano. E no prédio de enxaimel onde tinha sido a Escola Alemã funcionava também a escola pública elementar. Nele tinham aulas os alunos do segundo e do terceiro ano e a professora era minha irmã Aline.
Lembro-me também de um triste dia em que, ao voltarmos da escola, encontramos a irmã de uma colega que subia a rua ao nosso encontro e, chorando contava que o pai dela e mais outros senhores tinham sido levados para a cadeia porque estavam falando em alemão.
À tarde eu sempre ia brincar e estudar na casa de outra colega onde, no verão, se tomava um chá de hortelã muito gostoso. E todos também estavam chorando e me mostraram as paredes da cozinha chamuscadas e enegrecidas pelo fogo no local onde antes havia lindos panos de parede com bordados de casas e gansos e flores e frases escritas em alemão.
Em casa meus nonos me explicaram depois que eles também não poderiam mais falar em italiano.
E, então, entendi que o mundo não era feito de irmãos.
Escrito por Adaír Dittrich
 " Edifício da Escola Alemã da Colônia São Bernardo, Estação de Canoinhas, construída no ano de 1917. Como Escola particular, funcionou até o ano de 1942, quando foi criada a Escola Estadual. O prédio foi cedido para Escola Estadual até 1952, quando foi demolido. Nesse local foi construído o edifício das Escolas Reunidas Manoel da Silva Quadros, de Marcílio Dias." Informações do Professor Antônio Dias Mafra.

Fotos do acervo de Fátima Santos.
 

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Memórias de uma mulher de ferroviário

   Chamo-me Irene Weber Chichowicz. Nasci no dia 3 de julho de 1939 na localidade de General Osório, município de Mafra. Vou contar um pouco da minha infância, enquanto morei em General Osório. Éramos em sete irmãos, um faleceu. Cinco mulheres e dois homens. Eu sou a primeira da turma.. Meus amados pais já faleceram. Meu pai, de origem alemã, era muito batalhador. Muitas vezes, trabalhava à noite toda pra ganhar uns trocados a mais e não deixar nada faltar em casa. Minha mãe, do lar mas, também uma batalhadora. Costurava as nossas roupas sem nunca ter feito um curso de costura. Meus pais, plantavam roça, criavam porcos e galinhas. Eu, como filha mais velha, não tinha muito tempo para brincar, tinha meus irmãos para cuidar. Aos domingos, meu pai ia para a roça plantar milho, feijão e, sempre me levava junto para ajudar. Era difícil mas, a gente não reclamava, era um tempo bom, dávamos valor a tudo isso. Nosso divertimento aos domingos era a domingueira e a passagem do trem de passageiros que, esperávamos sobre o barranco que tinha antes da estação.
O trem passava duas vezes, um que vinha de manhã de Porto União e o da tarde que vinha de Mafra. 
     Fiquei em General Osório até os 12 ou 13 anos. Nasci lá, fiz a Primeira Comunhão e estudei até o 4º ano. O Zézo (meu futuro marido então) também estudava na mesma escola. Nas horas de folga , ele ajudava o pai que era maquinista de máquina tocada a lenha em uma firma: Firma Pigatto. Naquela época, menor podia trabalhar. Sua mãe, de origem polonesa, não dava folga, dizia que era pra não criar malandro. Era ele que puxava a lenha para o pai num carrinho de mão. Não lembro quanto tempo ele ajudou o pai, porque depois, sua mãe arrumou pra ele trabalhar na estação ferroviária para aprender e treinar morse (telegrafia).
       Eu não lembro quantos anos eu tinha, quando uma tia, irmã da minha mãe pediu para meu pai para me levar para Marechal Mallet para fazer o ginásio. Meu pai nem perguntou se eu queria ir ou não. Minha tia e também madrinha, prometeu o mundo e o fundo e eu tive que ir contra minha vontade.
Eu lembro quando meu Vô, pai da minha mãe veio me buscar. Nunca chorei tanto na minha vida. Eu nunca tinha saído de casa e não queria ficar longe da minha mãe e dos meus irmãos. Então, o que eu fiz: me fechei na patente (hoje banheiro). Não adiantou! Ouvi o trem apitando antes do túnel e tive esperanças de perdê-lo. No final, tive que partir chorando, aliás, chorei até Porto União. Teve um senhor, que sentou no outro banco do vagão, de segunda, bancos duros de madeira e, perguntou pro meu avô: "Por que essa menina chora tanto?" Nem lembro o que meu avô respondeu. O pior, foi, quando meu avô me mandou comer. Naquela época, tinha que levar marmita. Minha mãe matou um frango e fez uma farofa, colocou numa tigela e amarrou com um pano. Tive que comer a farofa e "empurrar" com água. O trem chegava em porto União às 22 ou 23 horas e, o resto da noite a gente ficava na estação, numa sala de espera, esperando o misto que saia às 6 horas para Mallet.
Chegando em Mallet, meu avô me levou pra casa da minha tia e, eu ficava só pensando: "Ahhh se eu pudesse fugir!"
Neste mesmo dia, fui conhecer a escola, muito diferente da escolinha de General Osório. Eu só tinha até o 4º ano, precisava prestar exame pra poder entrar no primeiro ano ginasial. Adivinhem!!! Reprovei feio! Tive que repetir o 4º ano. Tive que estudar muito e me preparar para o exame de admissão. E, finalmente passei. Fiquei dois anos sem poder visitar meus pais e irmãos. Pra encurtar um pouco a história, eu fiquei quatro anos em Mallet. Só fui uma ou duas vezes pra casa quando meu pai foi me buscar. Sabia que teria que voltar e eu tinha que obedecer e a gente respeitava muito os pais. Meu pai sempre me falava durante a viagem da importância do estudo e, o que eu faria em General Osório, que minha tia ia me ajudar, me dar roupas, que eu ficaria bem. Na verdade, minha tia queria mesmo alguém para ajuda-la nas tarefas de casa, pois ela era a melhor costureira do lugar e não tinha tempo para as tarefas domésticas. Ela era exigente demais. Aos domingos, minhas amigas me convidavam pra ir no matinê, ela não deixava, ainda mais que meu pai sempre recomendava pra não me deixar "solta por aí". Acho que ela não queria mesmo era pagar a minha entrada.
Aí, teve um dia que minha tia teve que ir a General Osório pedir para meus pais, para eu ir com ela morar em Campo Mourão para terminar o ginásio. Meu tio era empresário e tinha que ir de mudança pra lá. Fui junto pra General Osório pra me despedir dos meus pais, chegando lá, abri um berreiro e ameacei fugir se tivesse que ir embora de novo, já que agora eu já estava maiorzinha. Não lembro bem o que aconteceu mas, não voltei com ela. Ela me falou um monte de coisas, dizendo que eu ia ficar burra se não estudasse e muitas outras coisas. O bom dessa história é que ela voltou sozinha e eu fiquei com meus pais.
Mas, não durou muito tempo. Continuando a história, fui pra Curitiba com outra tia...
CONTINUA.....
Irene Weber com a priminha Irene Moijça.
 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Jornal "O Vagalume" 1943

      EEB Professor Manoel da Silva Quadros.




Jornal "O Junior" - 30 de julho de 1966 Número 2

Diretor: Sérgio Jurgensen
Gerente: João Aguiar
Redatores: Todos aqueles que quiserem contribuir com assuntos para  mesmo, contando que sigam as nossas normas.



Estas são cópias de cópias, infelizmente não estão legíveis.

Imagens do dia

     Quati avistado e fotografado sobre o asfalto da rua Vendelin Metzger, nesta manhã de segunda-feira.



Lambendo o asfalto.

Atenção moradores de Marcílio Dias!

  Pedimos a todos que fiquem atentos, porque existem ladrões agindo no nosso distrito. Se verem pessoas suspeitas rondando pela vizinhança, liguem para o 190. Fiquem de olho em sua casa e na dos vizinhos, vamos ajudar uns aos outros.
O objetivo principal deste projeto "Vizinho Xereta" é promover a
interação entre vizinhos para que, juntos, ajudem a prevenir e evitar
ações  que  venham a trazer prejuízos a manutenção da ordem pública.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Prefeitura de Três Barras realiza limpeza próximo da ponte de Marcílio Dias

   Parabéns a prefeitura de Três Barras pela preocupação com o Meio Ambiente limpando a área próxima da ponte de Marcílio Dias. Leiam a Reportagem no Portal JMais. É só clicar no link http://jmais.com.br/tres-toneladas-de-lixo-sao-recolhidas-durante-acao-no-distrito-de-sao-cristovao/

Antes da limpeza.
 
Marcílio Dias, depois da limpeza feita pela Secretaria do Meio Ambiente
 de Canoinhas.
 

Memórias de uma mulher de ferroviário - parte III

     Já tínhamos morado neste lugar. Os moradores eram poucos, pois os muitos operários foram indenizados e foram embora do lugar. Eu fiquei muito feliz e ao mesmo tempo, triste porque  eu voltei para a terra natal. Feliz por quê? Porque o capricho do meu marido foi impressionante: tudo muito arrumado, os móveis simples mas tudo pintadinho, a casa toda pintada, calçadas feitas com pranchas de madeira, tinha até um pequeno quintal. Foi a partir daí que eu comecei a viver minha vida, muito feliz. Porque, como se dizia naquela época: se quisesse ser alguém na vida, você tinha que rolar. Mas essa alegria não durou muito tempo, logo veio a notícia que o Zezo tinha sido transferido para Canivete, estação depois de General Osório (Mafra).Ao fazer a mudança, tivemos que ficar três dias dentro do vagão junto com nossas coisas, porque a casa em que moraríamos estava há muito tempo abandonada, sem condições de nela morar. Não durou muito tempo e, novamente o Zezo foi transferido, desta vez para a localidade de Bugre, outro lugarzinho feio. Meu marido gostou de lá, porque na folga dos trens de carga ele podia sair na companhia de um amigo para pescar e caçar. Quando voltava pra casa, sempre me trazia um agradinho que comprava no trem: Chocolate, maçã, revista O Cruzeiro.
Eu, sempre me preocupava quando ele saia pra caçar e chegava tarde da noite. Nós morávamos na estação, não tinha luz elétrica, só lanterna e lampião, rodeado de mata. Atrás da estação tinha um barranco e mais adiante um pinheiral, onde os jagunços mataram muitas pessoas e deixaram seus corpos pendurados nos pinheiros. Em frente a estação, passavam muitos andarilhos que perambulavam sobre os trilhos e dormiam na plataforma. Mais adiante passava o rio Negro. Quanto medo eu passei sozinha naquela época!
Mas, o que divertia, é quando o sinhozinho Fermino Pacheco ia para Curitiba com a família, pois eles eram as pessoas mais respeitadas do lugar, a casa deles, que eu considerava uma mansão, ficava depois do pinheiral. O trem passava às onze horas. A família já vinha para a estação, lá pelas 9 horas, por um carreiro, pois não havia rua. Primeiro o senhor Fermino e logo atrás a esposa, todos encasacados. Em seguida, vinham os empregados, os peões que traziam a bagagem, depois as damas da esposa  e por último a cozinheira e os cachorros. Era divertido vê-los. Quando voltavam de Curitiba era a mesma coisa. Também tinha um irmão do seu Pacheco que morava um pouco mais adiante. E, o homem morre. Imaginem a festa!!! Churrasco a noite toda, não era pra deixar ninguém sem comer, veio gente de tudo quanto era lugar, e um monte de afilhados do seu Pedro Pacheco. Os peões mataram um boi e a comilança se estendeu por todo o velório. As mulheres que sabiam costurar, costuraram a noite toda, porque a família tinha que acompanhar o enterro todos de preto pra demonstrar luto (esta roupa se vestia por um ano). Eram três ou quatro filhas, mais a esposa e alguns parentes. Nunca costurei tanto como pra aquele velório. Eu cortava o tecido, que tinha sido comprado em Três Barras e as outras mulheres passavam a máquina. Mas, que foi todo mundo da família de preto, foi. O caixão com o falecido atravessou o rio Negro num bote. Um velório desse era um divertimento na época.
Tempos depois, comecei a ficar doente, devido ao lugar. Atacou-me um reumatismo! Então o Zezo pediu para a chefia de Curitiba, departamento pessoal onde meu tio era um dos chefes, a sua transferência. Demorou, mas saiu. O Zezo podia escolher Marcílio Dias ou Três Barras. Escolhemos Marcílio Dias, onde moramos em três casas alugadas. Depois mudamos para o restaurante, após a saída da dona Nena (Petronilla Dittrich), mãe da Doutora Adaír. Fiquei um ano e meio no restaurante mas, preferi sair porque não me adaptei. Foi aí que, o Francisco Pazda assumiu o restaurante e mais tarde se casou com a Beti e tocaram o restaurante por muito tempo. Nos tornamos  amigos, a família ferroviária sempre foi unida. Devo muito, também a dona Regina Aguiar. Quando cheguei para morar em Marcílio eu não conhecia ninguém, fui morar onde era o açougue do Brudi. Um dia, aquela senhora simpática, bateu em minha porta e ela falou que veio fazer uma visita, porque achava ruim alguém vir morar num lugar onde não se conhecia ninguém. Fizemos amizade também, com o casal Wando e Jurema S, gente muito boa. Dona Regina me convidava sempre pra irmos no cemitério todo sábado, onde ela levava flores pra seu pai que ali estava enterrado. Também íamos assistir aos jogos de futebol e não perdíamos um velório. Agradeço muito a ela por tudo que fez por mim. Outra pessoa amiga foi a Ecilda Borba Gallotti que me ajudou muito quando chegou minha primeira filha, pois eu não tinha nenhum parente por perto. Ela trazia para mim, pão feito, lavava as roupinhas da minha filha. Outra pessoa que muito fez por mim, também, foi o Pedrinho Gallotti, ele cuidava da minha filhinha pra eu poder fazer o serviço de casa, no seu colo ela dormiu muitas vezes. As crianças do Pedrinho e da Ecilda cuidavam também da minha filha puxando ela num carrinho. Quando ela aprendeu a andar, fugia por um ripa solta da cerca e corria para o restaurante, a Beti cuidava dela e a Beatriz brincava muito com ela. A dona Ivanira Campos também foi uma grande amiga. É como eu já escrevi: éramos uma grande família, uma família de ferroviários.
CONTINUA....
Dona Irene.

Tempo bom em Marcílio Dias

   "Vê-se melhor quando não se vai para ver nada, quando os olhos procuram tudo o que possam achar. E encontram tudo."  Miguel Esteves Cardoso
 Paisagens desta terça-feira ensolarada.
Início do Parado.

Início do Parado. À esquerda, casa do seu Maneco Finta.

Parado.

Parado.

Casa de escamas, rua Bernardo Metzger.

Casa dos Finta. Rua Bernardo Metzger.

Rua Bernardo Metzger.

Estação.


EEB Prof. Manoel da Silva Quadros.

Igreja Luterana.

EEB Prof. Manoel da silva Quadros. Rua Bernardo Olsen.

domingo, 11 de junho de 2017

Bom domingo!


 O que temos em Marcílio Dias:
Mimosa.

Laranja.

Mimosa.

Rua Miguel Barabacha, casa da autora deste blog.



Jabuticaba, fora de época.