Leiam o que escreveu sobre ele a médica e escritora Adair Dittrich:
"Quando
os construtores da ferrovia que ligaria Curitiba à Porto União da Vitória
iniciaram a colocação dos primeiros trilhos de ferro, montaram um verdadeiro
acampamento móvel.
Para
isto precisavam de alguém que preparasse as mais variadas refeições para toda a
equipe. Como já conheciam o tempero e a fibra de dona Thereza Gobbi, que tinha
um pequeno restaurante perto da estação de trem da grande cidade, convidaram-na
para chefiar a cozinha nesta grande epopeia.
Então
ela, seu marido Pedro e a filha Nena embarcaram nesta aventura.
Quando
o Cavalo de Ferro chegou ao local onde foi erguida a Estação Ferroviária de
Canoinhas, hoje Marcílio Dias, a chefia da Rede Viação Paraná Santa Catarina
pediu a Dona Thereza que assumisse o futuro restaurante.
Primeiramente
Pedro e Thereza Gobbi construíram um hotel, o Hotel Gobbi, situado na parte alta
do barranco, atrás da estação e do que seria depois o restaurante. Não era
muito grande, mas tinha quartos suficientes para hospedar os viajantes que ali
necessitassem pernoitar. Anexo ao hotel, claro, um salão de refeições que
servia aquelas iguarias deliciosas que saíam das hábeis mãos de Dona Thereza.
E na
hora em que o trem chegava, ela atendia num quiosque que havia entre a estação
e o armazém. Lá começou a fazer o seu nome na região com o excelente pastel que
cativaria as gerações futuras.
Início
árduo. Trabalho pesado e intenso. Tudo vinha, de trem, de Curitiba ou de mais
longe ainda. De São Paulo também. A necessidade de um pão fresquinho, de um
bolo ao gosto italiano, feito ali, com as próprias mãos, os obrigou a construir
seu próprio forno levantado com pedras e barro.
Vivenciaram
muita coisa da Guerra do Contestado.
Contava
Dona Thereza como era triste ver as mulheres viajando nos trens, quase
desnudas, roupas em frangalhos, vestes rotas. E então, com os lençóis do seu
Hotel Gobbi, ajudada pela filha Nena, montou peças de vestuário que cobrissem
os nus e as vergonhas femininas em uma época em que de mulher não se permitia
ver nem o tornozelo."
Foto do acervo de Adair Dittrich |
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