OLHOS FLAMEJANTES
Durante o trajeto de retorno do campus universitário, localidade de Campo do Trigo, distrito de Marcílio Dias, até a sede, em Canoinhas, numa noite de inverno de 2008, vinte e três horas, o inusitado ocorreu como essas mudanças repentinas de clima que acontecem todos os dias sem explicações racionais.
Num espaçoso veículo, dois ocupantes
trocavam ideias triviais sobre o andamento dos cursos, estágios, dificuldades
acadêmicas e outros temas pertinentes, próprios de professores preocupados com
o sucesso dos aprendizes.
O carro, em velocidade reduzida de rodovia
vicinal, percorria suavemente o asfalto levemente umedecido pelo sereno da
noite e se aproximava de um desfiladeiro rochoso, ladeado à esquerda por
enormes eucaliptos e à direita por uma elevação íngreme com densa vegetação,
que se prolonga por um quilômetro aproximadamente. Já era possível divisar as luzes
da cidade sede daquele local.
Ana, a condutora, reduziu ainda mais a
velocidade, curva acentuada à esquerda, momento em que ambos ficaram
estarrecidos. Visão macabra, capa preta e brilhante, máscara negra sobre o
rosto, chapéu de feltro com abas largas, botas longas e reluzentes, braço
direito estendido, dedo indicador proeminente em riste com unha acentuada à
mostra, apontando na direção de Alberto, o passageiro.
A tensão nervosa acelerou os batimentos e
um calafrio percorreu os corpos dos observadores, seguido de forte
estremecimento; o medo apropriou-se do ambiente perante o terror inesperado.
A criatura fixou o olhar flamejante
claramente dirigido aos dois viajantes, como uma flecha incendiária lançada na
escuridão, exatamente no momento em que a luz alta dos faróis a atingiram, mas
aquele modo de se mostrar, aquela forma de se expor não deixaram dúvidas, olhos
demoníacos os encontraram naquela noite; olhos que traziam, pela expressão, a
marca da maldade; olhos que se mostravam como componentes dos domínios
infernais.
Ana e Alberto reconheceram que, no espaço
reservado aos olhos, havia chamas ardentes sendo expelidas, compondo uma visão
infernal.
Encontraram, naquela estranha ocasião, o
que não deve ser visto por mais ninguém, e a dúvida os conduziu até a delegacia
da cidade, onde lavraram um boletim de ocorrência sobre o fato, que foi
investigado à exaustão ainda naquela noite pelos policiais, com resultados
infrutíferos.
As demais pessoas, que transitaram naquele
trajeto na mesma data e no mesmo horário, jamais se manifestaram a respeito,
algumas pelo receio de serem desacreditadas ou de se tornarem referenciais de
polêmicas e zombarias.
Certamente a fé foi colocada à prova e
tanto Ana como Alberto concluíram que toda racionalidade proposta pelo
conhecimento, bem como pela pesquisa, vacila diante do extraordinário.
Os olhos da alma veem e
registram até o que vive além do alcance da compreensão natural.
OLHOS FLAMEJANTES e O SAPO QUE NÃO ERA BOI, ambos do livro que será publicado em breve, OLHOS FLAMEJANTES E OUTRAS ESTÓRIAS, de autoria de Ederson Mota.
Esta história aconteceu exatamente neste local, onde os fios da rede elétrica passam de um lado pra outro da rua. |
tem um homem nessa foto ali ne?
ResponderExcluirEsta parecendo que tem mesmo um homem ou fantasma lá.
ExcluirNossa! Ainda bem que não trabalho mais a noite lá!
ResponderExcluirShow de bola essas estórias! O livro vai ser nota 10!!!
ResponderExcluirCom certeza K-noy! Vamos aguardar.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirDeve ser o Biluka.kkk
ResponderExcluirOrras altos massa To avonts de passar por ali agr
ResponderExcluirnão passe vontade,venham a noite,vocês vão encontrar muito lixo na ciclovia, e gente orando no cascalheiro la pelas 00:00 de sexta.
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