Complexo
arquitetônico da Estação Marcílio Dias
Localizado no distrito de
Marcílio Dias, o complexo arquitetônico da estação é composto pela estação,
depósito e restaurante, tombados como patrimônio histórico cultural pelo seu
valor histórico em relação a economia da região.
A estação de
Marcílio Dias teve seu primeiro nome como Canoinhas. Com a abertura
do curto ramal de Canoinhas a Marcílio
Dias, em 1930, ela passou o entroncamento com esse ramal, e teve
alterado o seu nome para Marcílio Dias,
em homenagem ao marinheiro gaúcho, herói da Guerra do Paraguai, que morreu
enrolado na bandeira do Brasil, para não ter de entregá-la aos paraguaios, na
batalha do Riachuelo, em 1865.Três prédios sobram da estação de Marcílio Dias, no interior do município de Canoinhas, que são: estação, restaurante e depósito.
Inaugurada em 1º de abril
de 1913, inicialmente era conhecida por “Estação Canoinhas”, no ramal
ferroviário São Francisco do Sul (SC) – União da Vitória (PR). A estação foi um dos
mais importantes pontos de desembarque e embarque de tropas militares durante a
Guerra do Contestado (1914-1916). Através dessa estação era escoada a maioria da
produção econômica de Canoinhas, operando até a década de 80.
No percurso da busca por
informações sobre o complexo arquitetônico da estação conversamos com Antonio
Sergio de Souza Borges, filho caçula de Elpídio Borges da Silva, que ocupava o
cargo de chefe de estação em
Paula Pereira , depois de aposentado fixou residência no
bairro Tricolin em Canoinhas.
Borges relata com emoção
as viagens que fazia com os pais para Jaraguá do Sul, quando tinha 12 anos de
idade.
Nós pegávamos o trem
das nove horas na estação daqui, a estação era onde hoje é a prefeitura de
Canoinhas, íamos até a estação de Marcílio Dias numa viagem que durava meia
hora, então pegávamos o trem que fazia a linha Porto União - São Francisco do
Sul, para seguirmos viagem até Jaraguá do Sul. Embarcávamos às dez horas em Marcílio Dias , meio
dia tinha a parada de almoço em Mafra, então seguíamos viagem chegando em
Jaraguá do Sul entre dezoito – dezenove horas.(2009, entrevista concedida em
25/07).
Único meio de
transporte coletivo na época o trem de passageiros era composto de máquina, o
primeiro vagão era a cozinha e os demais eram divididos em primeira e segunda
classe. A plataforma de embarque estava sempre cheia, relata Borges, os
passageiros embarcavam o chefe de trem batia o sino, conhecido como sinal de
poda, o trem apitava e começava a se locomover. Na época as pessoas não tinham
pressa, tanto que demoravam um dia inteiro para chegar a Jaraguá do Sul, por
exemplo, que hoje se vai em duas horas.(2009, entrevista concedida em 25/07).
De um lado da estação está
o restaurante que, segundo Viviane Bueno membro presidente do COMPAHC está como
prioridade na lista de restauração.
Pode-se conferir através
da foto o estado em que se encontra a construção que foi por muitos anos um
local aconchegante, no qual os passageiros viajantes saciavam sua fome.Interior do antigo restaurante. |
Salão Metzger
Em entrevista concedida a
esta pesquisadora em 22/07/2009, Wigando Metzger filho de Bernardo Metzger atual morador da
casa conta que eram em 9 (nove) irmãos, sendo 5 (cinco) meninas e 4 (quatro)
meninos, “dos homens sou o caçula” diz orgulhoso.
Dos 8 (oito) irmãos só
dois moram em Canoinhas, um é falecido, e os outros por questão de emprego
foram para Curitiba e Florianópolis.
Metzger conta seu pai era
natural de Blumenau e veio para Canoinhas no dia 02/07/1922, foi fazer erva
mate no Parado, interior de Canoinhas, onde conheceu Lina Keppe com a qual se
casou.
Alguns anos depois arrumou
emprego na serraria Olsen e foi morar em Marcílio Dias.
Como a serraria tinha
muitos empregados em 1935 e existia uma grande dificuldade em arrumar lugar
para ficar, o dono da serraria Wiegando Olsen propôs a Bernardo Metzger, que
venderia a madeira em pequenas parcelas para que o mesmo fizesse uma casa com
estrutura para abrigar os empregados da serraria. Surgindo, então, o primeiro
pensionato na comunidade.
A casa foi construída com
uma sala ampla para as refeições, nessa sala os empregados da serraria
começaram a se reunir nas folgas do trabalho para dançar, nascendo então, o
salão Metzger.
Ao falar sobre a casa,
Metzger diz com certo orgulho, “hoje sou majoritário nas ações da casa, já
comprei cinco partes”.
Quando indagado como se
sente sendo proprietário de um patrimônio histórico se emociona:
Me sinto muito contente,
porque casa assim nunca mais. Hoje a madeira não presta pra fazer casa, ela
apodrece logo. Antes a serraria só cortava pinheiro velho, grosso e na lua
certa (não sabe qual era a lua boa para o corte) por isso que durava tanto,
hoje cortam pinheiro muito novo então é fraco e caruncha logo (2009, entrevista
concedida em 22/07)
Ao ouvir o os relatos de
Metzger, entende-se que foi o amor que o mesmo nutre por seu patrimônio e por
sua história, um incentivo para conservar a casa tal como foi construída,
servindo hoje de referência a história de uma pequena comunidade como Marcílio
Dias.
Na mesma rua a aproximadamente
100 (cem) metros está localizada outra construção que é orgulho da comunidade,
a casa de escamas.
Única no estado de Santa
Catarina com a parte externa revestida com pedaços de madeira que lembram
escamas de peixe, daí o apelido casa de escamas, possui as paredes duplas
característica das construções do início do século XX.
Quando foi descoberta pelo
COMPAHC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Cultural) estava
literalmente abandonada, quase todas as escamas já tinham caído, o telhado
estava em estado precário, as paredes em decomposição pela ação do tempo.
A seguir, contemple a foto
de como se encontrava a casa.
Em entrevista concedida a
esta pesquisadora, em 21/07/2009, Pazda relatou que está investigando a data de
fabricação da mesma.
Elizabete Müller Pazda,
sua mãe, comprou a casa com o terreno de Alzira Piermann há 20 (vinte) anos e em
seguida passou ao filho.
Pazda relata que:
Através do COMPAHC
(Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Cultural), a casa de escamas foi
indicada para tombamento.
Sobre o tombamento Pazda
relata que:
Em relação ao que pretende
fazer da casa, agora restaurada Pazda diz:
Nota-se em sua fala que
Pazda sente-se orgulhoso em possuir um imóvel com referência histórica e
mostra-se apaixonado pela preservação da casa.
Este texto foi extraído do Trabalho de monografia do Curso de especialização em Arte Educação da UnC, Campus de Canoinhas, da Professora Eunice Kluska.
parabéns Eunice, realmente é uma bela história de Marcilio Dias. Sou natural deste lugar e sinto muita saudade do tempo que vivi aí.Curto muito este blog.
ResponderExcluir