domingo, 4 de maio de 2014

Causo de visagem em Marcílio Dias - O Capa Preta


                                            OLHOS FLAMEJANTES
 
                          “Um olhar vale por mil palavras; ousas interpretá-lo?”

          Durante o trajeto de retorno do campus universitário, localidade de Campo do Trigo, distrito de Marcílio Dias, até a sede, em Canoinhas, numa noite de inverno de 2008, vinte e três horas, o inusitado ocorreu como essas mudanças repentinas de clima que acontecem todos os dias sem explicações racionais.
     Num espaçoso veículo, dois ocupantes trocavam ideias triviais sobre o andamento dos cursos, estágios, dificuldades acadêmicas e outros temas pertinentes, próprios de professores preocupados com o sucesso dos aprendizes.
     O carro, em velocidade reduzida de rodovia vicinal, percorria suavemente o asfalto levemente umedecido pelo sereno da noite e se aproximava de um desfiladeiro rochoso, ladeado à esquerda por enormes eucaliptos e à direita por uma elevação íngreme com densa vegetação, que se prolonga por um quilômetro aproximadamente. Já era possível divisar as luzes da cidade sede daquele local.
     Ana, a condutora, reduziu ainda mais a velocidade, curva acentuada à esquerda, momento em que ambos ficaram estarrecidos. Visão macabra, capa preta e brilhante, máscara negra sobre o rosto, chapéu de feltro com abas largas, botas longas e reluzentes, braço direito estendido, dedo indicador proeminente em riste com unha acentuada à mostra, apontando na direção de Alberto, o passageiro.
     A tensão nervosa acelerou os batimentos e um calafrio percorreu os corpos dos observadores, seguido de forte estremecimento; o medo apropriou-se do ambiente perante o terror inesperado.
     A criatura fixou o olhar flamejante claramente dirigido aos dois viajantes, como uma flecha incendiária lançada na escuridão, exatamente no momento em que a luz alta dos faróis a atingiram, mas aquele modo de se mostrar, aquela forma de se expor não deixaram dúvidas, olhos demoníacos os encontraram naquela noite; olhos que traziam, pela expressão, a marca da maldade; olhos que se mostravam como componentes dos domínios infernais.
     Ana e Alberto reconheceram que, no espaço reservado aos olhos, havia chamas ardentes sendo expelidas, compondo uma visão infernal.
     Encontraram, naquela estranha ocasião, o que não deve ser visto por mais ninguém, e a dúvida os conduziu até a delegacia da cidade, onde lavraram um boletim de ocorrência sobre o fato, que foi investigado à exaustão ainda naquela noite pelos policiais, com resultados infrutíferos.
     As demais pessoas, que transitaram naquele trajeto na mesma data e no mesmo horário, jamais se manifestaram a respeito, algumas pelo receio de serem desacreditadas ou de se tornarem referenciais de polêmicas e zombarias.
     Certamente a fé foi colocada à prova e tanto Ana como Alberto concluíram que toda racionalidade proposta pelo conhecimento, bem como pela pesquisa, vacila diante do extraordinário.

Os olhos da alma veem e registram até o que vive além do alcance da compreensão natural.

OLHOS FLAMEJANTES e O SAPO QUE NÃO ERA BOI, ambos do livro que será publicado em breve, OLHOS FLAMEJANTES E OUTRAS ESTÓRIAS, de autoria de Ederson Mota. 








Esta história aconteceu exatamente neste local, onde os fios da rede
elétrica passam de um lado pra outro da rua.




 
Para ler: "O sapo que não era boi." acesse http://canoinhasimagens.blogspot.com.br/2014/05/a-historia-do-sapo-boi-em-canoinhas.html
 

9 comentários:

  1. Nossa! Ainda bem que não trabalho mais a noite lá!

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  2. Show de bola essas estórias! O livro vai ser nota 10!!!

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  3. Orras altos massa To avonts de passar por ali agr

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    1. não passe vontade,venham a noite,vocês vão encontrar muito lixo na ciclovia, e gente orando no cascalheiro la pelas 00:00 de sexta.

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