terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lembranças do trem II


Zique e a boa época das ferrovias na região

Zique com a esposa Rosemari na estação.

"Há pouco tempo eu sonhava que estava trabalhando na linha férrea."
                                                   
               Dia 23 de agosto é celebrado o Dia do Ferroviário. Luis Burzy, mais conhecido por Zique, tem muita história para contar dos 23 anos que trabalhou na ferrovia.

Começou na profissão em 1976, em Santa Leocádia. Ficou um ano e foi transferido para Porto União, onde morou e trabalhou por sete anos.

Zique mora em Marcílio Dias. Ele conta que, só no trecho da Estação de Marcílio Dias, trabalhou por 12 anos. Conhece a linha férrea como ninguém. Sabe exatamente por onde passavam os trilhos.

De acordo com o ex-ferroviário, o trabalho era de 48 horas semanais. No entanto, quando aconteciam acidentes na linha os ferroviários trabalhavam até conseguir liberar o tráfego nos trilhos. “Certa vez deu 70 horas extras só em uma quinzena.” Os ferroviários geralmente moravam bem próximos à linha. Para avisar de um acidente, um trem chegava à estação e buzinava três vezes. Com o alerta, os ferroviários se arrumavam e saíam para ajudar na liberação da ferrovia.

Para Zique, o salário era bom. Às vezes chegava a receber três meses de pagamento apenas com as horas extras de serviço.

Ele lembra que uma viagem de Porto União a Rio Negro demorava 16 horas. “O trem saía à 1h de Porto União e chegava às 17h em Rio Negro. Ficava mais nos trilhos do que em casa”, diz.

Cada vagão carregava cerca de 70 toneladas de produto. Grande parte da carga era madeira, mas também chegava ao município materiais de construção civil. “Trabalhei justamente no período em que o transporte ferroviário estava em alta.” Zique comenta que algumas vezes passavam aproximadamente 120 vagões de uma vez.

Zique sente saudade do tempo que trabalhava como ferroviário. “Gostava muito de trabalhar na ferrovia. Ainda há pouco tempo eu sonhava que estava trabalhando aqui”, recorda, em frente à Estação de Marcílio Dias.

Quando a malha ferroviária foi privatizada, Zique parou de trabalhar. Não sabe ao certo, mas acredita que fazem 15 anos que se aposentou.

Para ele, a época em que trabalhou com trens era muito boa. Ferroviários que tinham crianças pequenas tinham direito a empregada doméstica. A rede pagava.

Sobre as construções de Marcílio Dias, Zique mostra os locais em que existiam barracões para depósito de carga. “E ainda tinha o restaurante da Tia Beti, que ficava bem próximo à estação. O pessoal todo se reunia nos fins de semana.”

Zique trabalhando nos trilhos.

Mecanizada, em Marcílio Dias, década de 80.
Á esquerda João, irmão da Rosemeri com a esposa Lindair e o filho João Carlos.
Zique com Rosemari e o filho Claudinei.

Trem do Centenário, anos 90.

Texto escrito por Fábio Rodrigues e publicado no jornal O Planalto. 

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