Marcílio Dias não era um estadista. Tampouco um oficial superior. Muito menos um dos terríveis coronéis que trucidaram nossos caboclos na sangrenta e terrível Guerra do Contestado. Talvez por isto nosso rincão seja um local onde vivem pessoas gentis, de boa índole e que sempre se dão as mãos. Porque nosso patrono era um moço humilde que se doou inteiramente para a causa que abraçou.
Desde os tempos de que me lembro na Escola Pública Elementar de nossa vila o dia 11 de junho era dedicado a relembrar a Batalha do Riachuelo, porque foi naquele entrevero naval que o Imperial Marinheiro Marcílio Dias perdeu a vida.
Na varanda situada na entrada da escola era realizada uma Hora Cívica especial. Com poesias declamadas. Com os tradicionais hinos em homenagem à Pátria e outras músicas mais que durante dias eram ensaiadas.
Todos os alunos, já desde alguns dias, escreviam dissertações e redações sobre o nosso dia 11 de junho. Redações e dissertações que, solenemente nesta hora eram lidas.
Muito jovem Marcílio Dias entrou na Marinha Imperial onde começou como grumete. Por muito dedicar-se aos estudos teve várias promoções.
Lembro-me de ficar com lágrimas nos olhos quando a nossa professora do segundo ano elementar —hoje, ensino fundamental— minha irmã Aline Thereza Dittrich contou-nos sobre o heroico fato de nosso Marcílio Dias. Até o último minuto de sua breve existência, vendo a vida exaurir-se aos borbotões através do sangue que jorrava, em jato, de sua artéria umeral segurava, com imponência, a bandeira de nossa nação.
Ele defendeu seus ideais, defendeu sua pátria, defendeu até a última gota de sangue a mola que o propulsionava na vida. Morreu defendendo o que acreditava.
Porque o mundo era assim. Existia o dominador e o dominado. Lutava-se para defender o que se achava justo.
O mundo continua a ser assim. Sempre os jovens marinheiros, os jovens soldados nas águas ou em terra tombam para cumprir um dever.
E nunca se saberá o que leva os dirigentes de muitas nações a tingirem um riacho ou um campo com o vermelho do sangue.
Marcílio Dias teve seu corpo, envolto com a nossa imperial bandeira verde-amarela, depositado nas águas do Riachuelo com todas as honras e pompas com que se sepulta um herói.
Marinheiro Marcílio Dias |
Segundo o Professor Antônio Dias Mafra, no livro "100 anos da Sociedade Escolar São Bernardo":
"Da Estação Canoinhas para Marcílio Dias
No livro Trem de Ferro, o autor Thomé (1980, p. 97), historiando o trecho ferroviário, chamado de 'Ramal São Francisco', ligando Porto União a São Francisco do Sul, registra que o trecho tem 461 quilômetros, iniciando no quilômetro zero, em Porto União. A estação de Canoinhas localiza-se no quilômetro 136. Mais tarde, segundo o mesmo autor, foram alterados os nomes de algumas estações: União passou para Porto União, Jararaca passou a se chamar Felipe Schmidt, Lagoa passou para Paula Pereira e Canoinhas passou a se chamar Marcílio Dias. Com a revolução de 1930, Getúlio Vargas e sua equipe homenagearam personalidades ou vultos patrióticos e regionais. Como nesse ano foi inaugurado o ramal ferroviário para a vila de Canoinhas, a antiga estação passou a chamar-se Marcílio Dias e a nova estação no término do ramal se chamou Estação Canoinhas.
O inspetor escolar que visitou a Escola, em 21 de março de 1932, fez constar no livro de visitas: "Escola São Bernardo , Estação de Marcílio Dias". A vila continuou sendo denominada de Colônia São Bernardo e a estação ferroviária era denominada Estação Marcílio Dias."
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