Em 1856 o engenheiro alemão Augusto
Wunderwald demarcou as terras do Planalto Norte de Santa Catarina para a Cia.
Colonizadora de Hamburgo, que a partir de Joinville, pretendia expandir a
colonização alemã para o Planalto. Nessa fase não encontrou pessoas residentes
na região de São Bento, pelo menos é o que consta em seus relatórios. Quatro
anos mais tarde quando foi realizada nova demarcação, estavam residindo na área
várias famílias de paranaenses, com título de terra expedido pelo governo do
Paraná. Um desses moradores era Francisco de Paula Pereira, proprietário de um
lote entre as localidades de Mato Preto e Lençol. Após gestões entre
autoridades de Santa Catarina e Paraná, esse governo providenciou terras para
transferir os colonos para as margens ao norte do Rio Negro. Algumas famílias
resolveram permanecer ao sul, dentre elas a de Francisco de Paula Pereira.
Muito auxiliou os primeiros
imigrantes e participou ativamente da política local, pois os imigrantes em sua
maioria não dominavam a língua nacional e por serem pessoas de origem humilde
na Europa, não tinham conhecimento do funcionamento da estrutura político e administrativa
das comunidades brasileiras. Coube aos colonos nacionais tomar frente da
administração pública local. Com a criação do Distrito de Paz de São Bento, em
27 de setembro de 1878 (FICKER, 1973, p. 138), iniciaram as eleições para
Juízes de Paz.
Na
segunda eleição para juiz de Paz, em 1880, um dos quatro juízes escolhidos, foi
Francisco de Paula Pereira. Em 1882, na terceira eleição para Juízes de Paz,
novamente Francisco de Paula Pereira foi eleito. Com a transformação da Vila de
São Bento em Município, em 21/05/1883, a eleição para a Câmara Municipal, no dia
28 de outubro, foi presidida por Francisco de Paula Pereira. Devido a grande
abstenção dos eleitores foi marcado um segundo escrutínio em 24 de dezembro de
1883, onde não consta mais a presença de Francisco de Paula Pereira.
Sabe-se
que continuou morando em São Bento, pois em 26 de janeiro de 1887, assinou o
manifesto Republicano e filiou-se ao Partido Federalista Brasileiro, fazendo
oposição ao grande líder germanófilo, Dr. Philippe Maria Wolff. Nesse momento o
clima político entre imigrantes e brasileiros era de animosidade, pois os
nacionais mantinham muito contato com os tropeiros rio-grandenses, federalistas,
partidários de uma maior autonomia para as Províncias brasileiras, e os
imigrantes estavam ainda muito vinculados à monarquia ou ao partido republicano.
Na revista do Instituto Histórico e
Geográfico (n. 8, p. 16) encontramos a seguinte referência:
Segundo Silva, (1941. p.18) com
Francisco de Paula Pereira, além dos primeiros já citados, vieram se juntar
ainda, novos povoadores como Manoel Ferreira de Lima, José Romão Nogueira,
Manoel Graví. Na mesma ocasião, instalou-se no povoado o primeiro comerciante:
Gustavo Waechter. Outros moradores que vieram se juntar Eugenio de Souza, Wolf,
Roberto Ehlke, João Vicente Ferreira, Vitorino Bacelar, João S. Matoso, Major
Tomaz Vieira e Estanislau Schumann.
Não foram encontradas informações
sobre se algum companheiro de Paula Pereira fixou residência em Marcílio Dias.
OS
PRIMEIROS HABITANTES DE MARCILIO DIAS E REGIÃO
Além
do engenheiro e dos tucos que demarcaram e construíram a estrada de ferro no
ano de 1912, também veio o casal Gobbi que montou próximo a estação, hotel com
restaurante, para os trabalhadores graduados. Mas esses não foram os primeiros
a pisarem em território da Marcilio Dias. Residiam nas proximidades de Taunay:
Maria Clara de Oliveira, Miguel Pereira dos Santos e sua esposa Alzira Maria
Vieira, Joaquim Alves dos Santos e João Francisco de Matos. Em território de Marcílio
Dias residiam: Manoel Mendes, Manoel Pereira de Souza, Henrique José Gonçalves,
Lourenço Taborda Ribas e João Miranda. (1)
1) Dados levantados por Antonio Dias Mafra, junto ao Cartório de Reg. de Imóveis de Canoinhas, essas pessoas foram as primeiras a terem terras registradas na abrangência territorial de Marcilio Dias, no ano de 1919.
Francisco de Paula Pereira, natural de São José dos Pinhais, vinha de tradicionais famílias daquela cidade, que há várias gerações ocupavam patentes militares e dispunham de mão de obra escrava. Tenho levantada a sua genealogia.
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