"Tudo começou assim: nós morávamos em União da Vitória, meu marido era auxiliar de agente de estação, quando ele passou no concurso para agente de estação ficamos muito felizes. Embora não soubéssemos qual estação ele iria atuar, Quando soubemos que seria em Marcílio Dias ficamos animados, pois, embora fosse um lugar pequeno, parecia ser muito bom de se viver. O salário que meu marido passaria a receber também contou muito nesta nova mudança em nossas vidas.
Meu marido veio sozinho trabalhar em Marcílio. Eu e nossos três filhos; Vilson, Jeferson Luiz e Jean Roberto, este com oito meses, ainda ficamos mais um tempo em União da Vitória. A estação que serviria de moradia para nós, necessitava de alguns reparos e, foi o que o João fez: as paredes foram lavadas o assoalho que era vermelho e estava manchado foi lixado. Depois que foi passado sinteco, o assoalho ficou amarelinho e brilhava. Quando estava tudo em ordem, nos mudamos pra cá. Meus filhos passaram a estudar na Escola Prof. Manoel da Silva Quadros.
Enquanto meu esposo trabalhava como agente, eu cuidava da casa e dos filhos e ainda cultivava uma horta. Também nesse período fui catequista da igreja católica por três anos. Fiz vários cursos: tricô, crochê, pintura em tecidos, culinária e corte e costura. Estes cursos eram oferecidos pela Firma Wiegando Olsen, no salão de bailes, pela professora Cecília Gaspichak.
Eu também participava do bordado e crochê em benefício da APAE de Canoinhas, organizado pela igreja luterana e era realizado no salão Metzger sob a coordenação da Evelin Metzger. Cheguei a trabalhar por quatro meses como monitora substituta na creche.
E, ainda, não realizada fiz um curso de cabelereira no Instituto Guiomar em Canoinhas. Comecei cortando o cabelo dos meus alunos da catequese, depois dos seus irmãos, pais, parentes. Muitas vezes, ao chegar do curso, no final do dia, tinha fila de pessoas na plataforma me esperando pra cortar o cabelo. Foi então que meu marido mandou fechar uma varandinha que tinha na estação pra aumentar o espaço do meu salão. Trabalhei nesta atividade por três anos, depois que a estação fechou e viemos morar em Canoinhas, continuei meu trabalho e hoje exerço esta profissão no meu Salão de Beleza Chanel Cabelereira. Sou muito agradecida ao povo de Marcílio Dias, onde morei tanto tempo e fiz amizade. Tenho muita saudade daquele tempo, do apito do trem, do movimento dos passageiros na estação, dos meus filhos brincando na plataforma. Mas eu sei que, saudade, a gente só sente daquilo que nos fez feliz. E em Marcílio Dias, eu fui muito feliz"
Hoje, a estação não tem mais esta varandinha, que foi desmanchada para que o salão de beleza da dona Irene fosse ampliado. |
Dona Irene na estação com o quepe de auxiliar de agente. |
Com seu esposo João I. Tiburski, ex-agente da estação. |
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