Esse é um pinhão especial. Nascido e crescido em Marcílio Dias. Ele não foi comido, embora poderia ter sido. Ele era o primogênito. Foi achado por dois meninos em um dia ensolarado.
Meninos que se encantavam com espessura, com altura, com profundidade e, em nada viam maldade. Como é bom conviver com eles nessa tenra idade. Tudo mágico. Tudo lindo. Tudo parecendo fácil.
Pois, no terreno de uma casa velha tinha um pinheiro. Esse pinheiro parecia estéril. Só produzia espinhos que servia pra começar fogo no fogão a lenha. Porém num belo dia, ao passarem por debaixo do pinheiro, eis que esses meninos encontraram um pinhão. Um único pinhão. Não adiantou procurar, porque mais nada foi encontrado. Então, o que fazer com um só pinhão? Comê-lo? Não, um só não valeria a pena. Então ficou decidido que seria plantado. E lá foram eles, procurar ferramentas para plantá-lo, num terreno em frente, onde logo seria construído uma casa. Plantaram o pinhão com todo carinho do mundo. Ficou ali esquecido por algum tempo. De vez em quanto os meninos iam visitá-lo e reclamavam da demora dele nascer.
Até que, num belo dia ele germinou. Que alegria. Era paparicado por todos. Pela mãe professora, pelas crianças que o plantaram, pelos amiguinhos curiosos. E ele foi crescendo. Ah, esqueci de contar...o pinheiro é Caiová, aquele que é o último a madurar. Lá pelo mês de junho ou julho..
Começou a construção da casa, bem ao lado do pinheiro e do pé de tangirina. Os meninos brincavam todos os dias nesse local, mas sempre cuidando pra não "machucar" o pinheirinho. E não vai que, num certo dia um pedreiro descuidado, quebrou o pinheirinho? Que lamento! Que choro daqueles meninos. Mas, é nessa hora que se pede socorro as mães. Com faixas, ataduras, ripinhas, conseguimos salvar o pinheirinho.
O tempo passou, o pinheiro cresceu, os meninos foram embora de Marcílio. Daquele pinhão plantado, já foi pinhão pra Curitiba, Joinville, Chapecó e, vejam só, até pro Pará.
Mas agora ele está muito grande e próximo demais da casa. E se der um vento forte, uma tempestade? Se eu pudesse mudaria a casa de lugar pra ele poder continuar lá, lindo, imponente, soberbo...é, mas eu não posso... os meninos estão longe, não estão mais aqui para também defendê-lo. Temos que cortá-lo. Não sei quando, mas esta hora chegará. E, neste dia, eu vou chorar, com certeza eu vou chorar...
História narrada por Ana Koehler.
Ana, Marcos Koehler e o pinheiro. |
Orquideas no pinheiro, plantadas pela professora Ana. |
Foto atual do pinheiro. |
Tito Ênio (a direita, um dos meninos que plantou o pinhão), Débora, Toska com menino Samuel no colo. Samuel já faleceu. O pinheiro aparece lá atrás. |
Nesta foto também aparece o pinheiro. |
Coisas que marcam a vida! Que saudades da infância em Marcílio! Que saudades do meu pequeno Samuel! Lindas lembranças!
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