terça-feira, 16 de outubro de 2012

Marcílio Dias por Antonio Dias Mafra


 
 

01  - MARCILIO DIAS E OS VIAJANTES      

 

Marcilio Dias nasceu com o nome de Estação de Canoinhas, localizada nas proximidades do rio do mesmo nome que deságua no rio Negro. Esses rios eram importantes vias de comunicação para o interior, e serviram como caminho fluvial para exploradores e bandeirantes, desde o século XVIII, mas a maioria dos viajantes não deixou registro. Outros, como o bandeirante curitibano Zacarias Dias Cortes, que andou pela região em 1723, registrou no mapa sua passagem pelo rio Itupeba, atual rio Canoinhas. O bandeirante e seus companheiros de expedição pelo território catarinense, ao passarem pelas proximidades da Serra do Espigão, cruzaram o rio Canoinhas logo abaixo da sua nascente, e não o registraram como rio, mas como ribeirão. O local por onde os tropeiros cruzavam o rio Canoinhas ainda hoje é denominado de passo do Canoinhas.

          Outro viajante importante que percorreu a região foi o padre matemático, Diogo Soares. Partiu do porto de Curitiba, gastou de canoa, seis dias para percorrer o rio Iguaçu abaixo, até a barra (foz) do Rio Negro. (2) Da sua foz, seguiu rio Negro acima, gastou um dia e meio, até a foz do Itupeva (Canoinhas). Seguindo o rio Canoinhas acima, o padre Matemático cruzou por território de Marcilio Dias, e demorou seis dias para chegar aos saltos, localizados no atual município de Major Vieira. O mapa desse roteiro foi elaborado em 1737. (3)

          Em agosto de 1840, Joaquim José Pinto Bandeira, vindo de Curitiba pelo Rio Iguaçu, fez explorações nos seus afluentes, entre os quais o Rio Negro e subiu o rio Canoinhas. Segundo relatou, o "Rio Canoinhas possuía no seu dizer - 50 braças de largura na foz, mas subindo-se por ele, logo veria, não possuía cabedal para apresentar tal largura na confluência"

          Pelas informações acima, pode-se concluir que o rio Canoinhas, foi visitado em 1723, em 1737 e 1840, e foi explorado desde a sua foz até as proximidades de sua nascente. Esses exploradores cruzaram o território de Marcílio Dias, mas não registraram se encontraram sinais de moradores nas margens do rio. É interessante que o nome indígena do rio Canoinhas, encontra-se grafado de várias formas. No mapa do Padre Diogo Soares, está escrito Itapeba. No livro de Zélia Lemos o rio está grafado como Jopeba e o Instituto Histórico de Santa Catarina, grafou como Itupeba.  

Mapa do Padre Diogo Soares, de 1737. Destacando o Porto das Canoas e o rio Itupava, publicado por LEMOS, Zélia de Andrade, in Curitibanos na Historia do Contestado, Florianópolis, Gov. do Estado de SC, 1977, p.211.

 

(1)   Diogo Soares, demarcou as áreas, cujos mapas, futuramente foram utilizados por Portugal para assinar com a Espanha, o Tratado de Madri – 1750. (Conf. História Administrativa  e Econômica do Brasil. Brasília: MEC, 1976).

(2)   A barra do Rio Negro está localizada no distrito de Paula Pereira, município de Canoinhas.

(3)   O mapa elaborado em 1737, assinalou  o Porto das Canoas, e o rio Canoinhas  era chamado de Itapeba.

 

 

 Antonio Dias Mafra, nasceu em Araquari-SC, e morou em Marcilio Dias de 1956 a 1 965.



Iniciou seus estudos no Colégio Estadual Manoel da Silva Quadros e o

curso ginasial no Colégio Estadual Santa Cruz em Canoinhas. Em 1966 mudou-se para São

Bento do Sul, onde concluiu o curso técnico em contabilidade e ingressou na

equipe de professores do Colégio São Bento. Formou-se em Historia,

especializou-se em historiografia brasileira, e em arquivologia. Concluiu o

curso de mestrado em desenvolvimento regional e atualmente é vice-coordenador do curso

História e professor da Universidade do Contestado – Campus Mafra.

Como pesquisador da História Regional encontrou dados sobre a antiga Colônia São Bernardo,

e quer levá-los ao conhecimento dos leitores do blog do Distrito de Marcilio Dias.


 Breve serão publicados outros textos sobre a história do nosso distrito.

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