Dona
Elsbeth Müeller nasceu em 17 de janeiro de 1932, na Colônia São Bernardo, hoje Marcílio
Dias. Neta por parte de pai, de Henrique e Sofia Soetbeer. A família veio de
navio fugindo da guerra, saindo da cidade de Hamburgo em 1899, para a cidade de
Cruz Machado, os pais e os filhos: Cristian, Helmann, August e Ing. O avô era
construtor de navios em Hamburgo, mas veio para Brasil trabalhar com os filhos,
plantando, colhendo e roçando. O pai de Elsbeth, Henrique era marceneiro, e em
1920 foi para Marcílio Dias tentar a vida com 5 mil réis no bolso. Andando pela
linha do trem, chegou em Taunay, e lá trabalhou alguns meses até se estabelecer
e começar a trabalhar na fábrica de móveis em Colônia São Bernardo. (Onde fica
atualmente o mercado do Rogério).
Dona
Elsbeth era filha de Henrique e Hilda Soetbeer, que eram colonos no distrito e possuíam um estabelecimento comercial. O
pai também marceneiro fazia móveis para Dona Neca e para a Família Olsen, além
de fabricar caixões para os que pedissem a ele. “Meu pai estava trabalhando
quando via minha mãe passar pra ir pra escola, ele dizia que iria se casar com
ela um dia. E se casaram em 1927 e tiveram seis filhos”, conta.
Durante a segunda
guerra, todas as noites, o pai de Dona Elsbeth, escutava o rádio para saber as
notícias. “Às vezes alguns vizinhos e amigos também se reuniam na casa do casal
para saber as
novidades.
“As notícias eram em alemão, meu pai só falava na língua de origem. Os guardas
do setor que cuidavam de quem falava alemão, que era proibido por causa da
guerra, em 1942 tomaram o rádio do meu pai e queriam levar um quadro que tinha
dizeres em alemão, mas meu pai não deixou. Eles ordenaram então, que o quadro
fosse guardado no sótão da casa. Os dizeres do quadro eram: espalhar flores de
amor no tempo de vida e ... guardai unidos”. Depois da guerra Sr. Henrique foi
buscar o rádio na delegacia.
Ela
frequentava a escola, onde seu professor era Emanuel Rotter por ser descendente
de alemão, foi afastado da sala de aula. Na época a higiene pessoal era muito
rígida, alguns alunos que não passavam na inspeção, eram obrigados a tomar banho no tanque da escola. Os professores
batiam nas mãos de quem se comportasse mal, com régua ou vara, porém, dona Beth
nunca foi travessa.
O
Sr. Wando e Dona Jurema Sckudlarek foram os primeiros a comprar uma televisão
em Marcílio Dias. As tardes era uma diversão para meninada se juntar e
assistir pela janela da casa da família.
O
pai a ensinou a dirigir, ela muito astuta para seu tempo, aprendeu logo. “Meu
pai era canhoto, para ele era mais difícil dirigir, ele me ensinou junto com
seu Brás Alves Ferreira. Na época não tinha pisca para virar, o gesto era feito
na mão. A comissão veio de Mafra para fazer as carteiras e na época eu fui a
única que tirei permissão para dirigir. Minha família tinha um Forston”,
relembra.
Naquele
tempo que o carro da família estragou e tiveram que chamar o mecânico Horst
Hermann Müller, que vinha de outra cidade para consertar os carros em
Canoinhas. “Eu tinha 20 anos e ele foi ver nosso carro, foi assim que nos
conhecemos. Logo depois fomos até Curitiba trocar nosso carro por um da marca
Chevrolet e meu esposo, na época pretendente se ofereceu para trazer o carro”,
diz. Dona Beth como é chamada carinhosamente pelos familiares e amigos. Ela
dirigia até alguns anos atrás para ir até o cemitério colocar flores para os
entes queridos que já se foram. Ela e seu Horst casaram-se em 1958 em uma
cerimônia linda. Tiveram dois filhos Ditemar e Ditter. “Eu cuidava das crianças
e da horta e nas horas vagas fazia permanente no cabelo das clientes. Eu atendia a freguesia da região
como Taunay, Paula Pereira entre outros. Fiz permanente até pouco tempo.
Cheguei a atender até dezesseis clientes por dia”.
O
esposo arrumou uma sociedade para trabalhar no Paraguai e por onze anos a
família viveu naquele país.
Em
1975 um tufão passou pelo distrito e ergueu a casa da família. “A casa só não
foi parar no chão, porque era madeiramento duplo, na época a casa estava
alugada, e a família ainda vivia no Paraguai. Ninguém se machucou.”
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Antiga casa da família atingida por um "furacão". |
Gosto muito de ler sobre histórias de famílias. Quando passar essa crise, vou visitar Canoinhas, aliás tenho uma crônica em que Canoinhas é citada...
ResponderExcluirGosto muito de ler sobre histórias de famílias. Parabéns aà jornalista Polliana Martins. Quando passar essa crise, vou visitar Canoinhas, aliás tenho uma crônica em que Canoinhas é citada...
ResponderExcluirSeja bem-vindo Professor!
ResponderExcluirFiquei muito feliz com a história de vida da minha irmã Betti publicada.Fazem 55 anos que saí de Marcilio Dias mas vou visitar minha irmã várias vezes por ano.Muito Obrigada.
ResponderExcluirAgradecemos o comentário! Abraços!
Excluir6Parabens para a linda Istoria da familiar e vida que a Betti continua um abraço a todos que contribuíram para realizar este sonho de Família
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