"Chamo-me Irene Weber Chichowicz. Nasci no dia 3 de julho de 1939 na localidade de General Osório, município de Mafra. Vou contar um pouco da minha infância enquanto morei em General.
Éramos em sete irmãos, um faleceu, cinco filhas mulheres e dois homens.
Graças a Deus as cinco irmãs estão todas vivas. Eu sou a primeira da turma.
Amei muito meus pais que, infelizmente já se foram. Meu pai de origem alemã era muito batalhador, muitas vezes trabalhava a noite toda pra ganhar uns trocados a mais pra não deixar faltar nada aos filhos. Minha mãe, do lar, trabalhava muito , costurava nossas roupas sem nunca ter feito curso de costura. Meus pais plantavam roça, criavam galinhas, porcos e nunca deixaram faltar comida na nossa mesa.
Eu, como filha mais velha não tinha muito tempo para brincar pois, tinha que ajudar a cuidar dos meus irmãos.
Meu pai aos domingos ia para a roça, plantar milho, feijão e me levava junto para ajudar. Era difícil, mas a gente não reclamava, era um tempo bom. A diversão daquela época eram as domingueiras e a passagem do trem de passageiros, que esperávamos no barranco que tinha antes da estação e dos trilhos. O trem passava duas vezes, um quando ele vinha de Porto União, pela manhã, e o outro, à tarde, quando vinha de Mafra.
Fiquei em General Osório até os doze ou treze anos. Fiz a primeira comunhão e estudei até o quarto ano nesta localidade. O Zézo, com quem me casei, também estudava lá. Após as aulas, ele ajudava seu pai que era maquinista de máquina tocada a lenha, numa firma chamada Pigatto. Ele puxava lenha com carrinho de mão. Naquele tempo não tinha essa história de que menor não podia trabalhar. A mãe, de origem polonesa, não dava folga para não se criar malandro, dizia sempre. Não lembro quanto tempo ele ajudou o pai, só sei que depois ele foi trabalhar na estação ferroviária para treinar e aprender no "mause', isto com a autorização do chefe da estação.
Bom, não lembro exatamente quantos anos eu tinha, quando uma tia, irmã da minha mãe pediu para meu pai para me levar para morar com ela e estudar em Marechal Mallet. Meu pai nem perguntou se eu queria ir. Minha tia e também madrinha, prometeu o mundo e eu tive que ir contra minha vontade. Eu lembro do dia em que meu avô, pai da minha mãe, veio me buscar. Nunca chorei tanto na minha vida, nunca tinha saído de casa e não queria ficar longe da minha mãe e dos meus irmãos. Então o que eu fiz: me fechei no banheiro, quer dizer, patente, porque naquela época era assim. Nós morávamos em casas humildes na serraria. O trem sempre apitava ao entrar no túnel, ao ouvir seu apito tive a esperança de perder o trem. Mas isso não aconteceu, tive que partir, chorei durante a viagem inteira. Tinha um senhor que sentou no outro banco do vagão de segunda, bancos duros de madeira (os dos vagões de primeira eram revestidos, mais macios, acho que de molas) perguntou pro me avô por que eu chorava tanto. Eu não conseguia parar de chorar, o pior ainda foi quando meu avô mandou eu comer, naquela época tinha que levar marmita. A minha mãe matou um frango e fez uma farofa, colocou numa tigela e amarrou com um pano de prato, eu não lembro se comi ou enchi a farofa de água. O trem chegava em Porto União dez ou onze horas da noite e daí o resto da noite a gente ficava na estação esperando o "mixto" que saia as seis para Mallet. Ficávamos sentados numa sala de espera.
Chegando em Mallet, meu avô me levou para a casa da minha tia eu só ficava pensando: "ah se eu pudesse fugir". Fui conhecer a escola, tudo muito diferente de General Osório, lá só tinha até o quarto ano. Fui prestar exame de admissão e, adivinhem...rodei feio. Tive que repetir o quarto ano para daí fazer de novo o exame que acabei passando e pude entrar no primeiro ano do ginásio. Neste primeiro ano peguei segunda época em duas matérias. Tive que estudar muito pra não reprovar. Sentia muitas saudades, estava há dois anos sem ver meus pais e irmãos. Se fosse agora com certeza precisaria de psicólogo e outras coisas...Pra encurtar a história, eu fiquei quatro anos em Mallet. Fui pra minha casa nesse tempo, uma ou duas vezes, meu pai ia me buscar. Durante a viagem ele me aconselhava, falando do quanto era importante eu estudar, que não tinha futuro em General Osório, que minha tia sempre ia me ajudar, me dar roupas, só que eu sabia que, na verdade eu era uma empregada. Minha tia era a melhor costureira do lugar e não tinha tempo pra fazer o serviço de casa. Ela era muito exigente, ainda mais que meu pai recomendou para que não me "deixasse andar solta por aí" (que azar). Minhas amigas iam pedir pra ela me deixar ir no matinê aos domingos, mas ela não deixava sem ordem do meu pai, ainda mais que era ela que tinha que pagar a entrada.
Ela retornou para General Osório para falar com meus pais pra eu ir terminar o ginásio em Campo Mourão. Porque meu tio era empresário e iria de mudança pra lá. Fui junto pra me despedir dos meus pais mas, chegando em casa "abri um berreiro" e não lembro exatamente o que aconteceu mas, não fui mais embora com eles.
Continuando minha história, fui pra Curitiba....
CONTINUA.
Ela retornou para General Osório para falar com meus pais pra eu ir terminar o ginásio em Campo Mourão. Porque meu tio era empresário e iria de mudança pra lá. Fui junto pra me despedir dos meus pais mas, chegando em casa "abri um berreiro" e não lembro exatamente o que aconteceu mas, não fui mais embora com eles.
Continuando minha história, fui pra Curitiba....
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