domingo, 21 de dezembro de 2014

História de assombração

    Meu pai Leopoldo, já falecido, era ferroviário e trabalhou durante muitos anos como guarda-chave. A função deste profissional era virar a chave para o trem entrar numa determinada linha e seguir seu rumo. Ele trabalhou durante muito tempo a noite. Aqui em Marcílio passava muitos trens, o de passageiros duas vezes por dia e o de carga que não tinha horário fixo. Numa noite, devia ser década de 30 talvez,  já era bem tarde ele estava na plataforma da estação quando viu uma mulher passar andando pela linha. Achou estranho uma mulher sozinha naquela hora da noite. Resolveu segui-la discretamente pra ver aonde ela iria. Não conseguiu em momento algum ver seu rosto, mesmo porque naquela época a iluminação era muito ruim. Quando a mulher chegou no pontilhão, ela não caminhou por ele, simplesmente atravessou o mesmo deslizando, como se flutuasse. Depois de atravessá-lo sentou-se do outro lado. Neste instante meu pai sentiu um calafrio e percebeu que aquele ser não era humano. Afastou-se dali apressadamente sem olhar pra trás. Ainda teve a coragem de ir até em casa contar pra minha mãe. Meus irmãos pequenos acordaram e ouviram a história. Ficaram todos com medo e foram dormir com a minha mãe. Nota: a casa era antiga e nem luz elétrica tinha.
Sempre que passo por ali lembro desta história.
Fátima Santos
Este é o pontilhão onde meu pai viu a visagem. Os antigos se referiam assim:
visagem. Antigamente era maior a valeta sob ele e corria muita água.
 

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