quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Lembranças do Trem -Agente João Ilson Tiburski

     O ex-agente da estação de Marcílio Dias, João Tiburski lembra do tempo que trabalhou em Marcílio com muita saudade. Ele morou durante muitos anos, com sua esposa Irene e os três filhos na estação.
    Entrou para a Rede Ferroviária através de um concurso em 1975 como auxiliar de agente. Iniciou trabalhando em Ibicaré, oeste de Santa Catarina, depois foi transferido para Porto União. Mais tarde fez concurso interno e passou a exercer o cargo de Agente.
Em outubro de 1982 assumiu a estação de Marcílio, onde residiu de 1983 a 1995, substituindo o Orlando Gallotti que foi para Porto União.  Nessa época trabalhavam com ele dois guarda-chaves, dois auxiliares de agente, ele como agente titular e um eletricista. Para fazer a manutenção da linha, havia, a cada dez quilômetros, um turmeiro com quatro ou cinco funcionários. A velocidade do trem era de 34 a 35 km/h.
Naquele tempo, a Firma Wiegando Olsen transportava muitos produtos pelo trem, então seu João solicitou a rede uma reforma na estação. Mandou pintar também o restaurante, construiu banheiro na casa e público (os passageiros tinham que usar o banheiro do restaurante), ampliou o pátio e colocou brita para facilitar o trabalho de carregamento dos vagões da Firma Wiegando Olsen, que era um cliente muito especial da rede. Por um tempo a reforma ficou parada por causa da enchente que assolou nossa região. A estação ficou funcionando 24 horas por dia para dar assistência aos flagelados. O depósito abrigou muitas pessoas e o auto de linha e o vagonete transportavam pessoas e alimentos. Em Taunay a água da enchente chegou a invadir a linha. O trem levava mantimentos até Iriniópolis, porque não se chegava até Porto União. Na enchente de 1992 também foi prestado auxilio aos desabrigados. Seu João conta, também, que os moradores de Marcílio e região enviavam regularmente cobras pro Instituto Butantã em São Paulo. A rede não cobrava por este transporte. Muitas pessoas do interior, entregavam cobras para o cervejeiro Ruprecht Loeffer trazer até a estação. Teve um tempo que o trem chegou a transportar muitos galos de briga para o Rio Grande do Sul adquiridos na rinha do São Cristóvão.
   Com o passar dos tempos a rede foi sucateando, os pedidos não eram mais atendidos, não vinham mais materiais, as estações foram fechando. Os funcionários, aos poucos, foram embora ou transferidos, os trens circulavam muito pouco por aqui, ficavam mais pro Paraná. Os poucos trens passaram a andar só com o maquinista sem auxiliar.
Finalmente, em 1997, seu João foi o último ferroviário a sair, trancar as portas da estação e entregar as chaves para um engenheiro chamado Rui em Mafra. Nenhum funcionário chegou a ser indenizado pela rede. Assumiu a ferrovia uma empresa da Argentina e atualmente a ALL.
Vinte e dois anos de trabalho dedicados a Rede Ferroviária Paraná Santa Catarina ficaram pra trás. Seu João foi embora mas, deixou ali naquela estação, parte da sua história de vida. História que ajudou a fazer, a contar, a engrandecer nosso distrito de Marcílio Dias.
Graças a esses ferroviários, como seu João, que Marcílio Dias é admirado, lembrado e jamais será esquecido por todos que por aqui passaram.
Quepes usados por João na época que trabalhou na rede.

João Ilson Tiburski na estação.

Com a esposa Irene e a netinha.

A placa "Proibido a permanência de pessoas estranhas na
plataforma." foi seu João que mandou colocar, Na época, tinha
algumas pessoas estranhas que estavam atrapalhando o trabalho
dos funcionários.

Neste local tinha uma torneira onde muita gente bebia água. A água vinha de um
 poço que existia pra cima do Salão Metzger.

Este depósito abrigou muitas famílias na época da enchente.

Aqui ainda existe um poço que na época era utilizado pelos moradores
 e funcionários da estação e restaurante.



João Tiburski, Orlando Gallotti, ...Mario Aguiar.

 

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