Com
a inauguração da ferrovia em 1913, muitos empresários resolveram investir ao
redor das estações em busca de lucros com a venda de lotes coloniais, erva-mate
e madeira. Bernard, nacionalizado para Bernardo Olsen, já realizava negócios
com erva-mate em Canoinhas, desde 1909. Ele conhecia bem o potencial econômico
da região. Após o término da Guerra do Contestado, adquiriu ao redor da Estação
Canoinhas da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, uma área de 790 alqueires e
iniciou a Colônia São Bernardo. Mais tarde ampliou seu patrimônio adquirindo
grandes áreas de terras em Taunay e Major Vieira.
Filho
de Gjert Olsen, um dos primeiros noruegueses que chegou a Joinville em 1851, e
casou-se com a imigrante suíça Anna Fischer. Bernardo nasceu em Joinville em 18
de fevereiro de 1862. Desde muito cedo iniciou com a atividade comercial
negociando cavalos e gado. (Joinville, os Pioneiros, pg. 51). Casou-se com
Maria Ritzmann, descendente de suíços e no ano de 1890. Bernardo Olsen, registrou
na localidade de Lençol, município de São Bento do Sul, um açougue. Envolveu-se
na política e se tornou intendente da Câmara municipal de São Bento, cargo este
correspondente ao de vereador, para o período de 06/03/1893 a 22/06/1894. Foi
nomeado pela junta Governativa do Estado de Santa Catarina, tomando posse para
um segundo período em 27/06/1894.
A partir de 1895 os intendentes
passam a se chamar conselheiros, sendo responsáveis pela administração
Municipal. Bernardo Olsen é eleito conselheiro e toma posse em 16/04/1895.
A
partir dessa data se afasta da atividade política, só retornando à Câmara mais
tarde, quando tomou posse em 01/01/1915, para o período de 1915/1918. Apesar de
ainda estar residindo em São Bento, já estava envolvido com negócios de terras
na estação Canoinhas da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande.
Cel. Bernard Olsen |
EMPRESÁRIO EM SÃO BENTO E EM RIO
NEGRINHO:
No
ano de 1903 ampliou suas atividades, registrando um estabelecimento
especializado no comércio da erva-mate em Lençol, cuja razão social era Olsen
& Ritzmann. Foi pioneiro em comercializar a erva-mate de Canoinhas pelo
porto de São Francisco do Sul. Em 27/10/1908 se associou a Carlos Urban e a
Guilherme Bollmann, para impressão do jornal bilíngüe Volks Zeitung, do qual
era redator com notícias da localidade de Lençol. Pelas suas atividades
econômicas e seu poder político regional, era chamado em São Bento pelos seus
adversários políticos de coronel Bernardo Olsen. Em 1909 Aleixo Gonçalves de Lima,
um dos líderes sertanejos do Contestado e um grupo de colonos de São Bento,
atacou o posto fiscal paranaense do Rio Preto. Bernard em seu jornal elogiou a
ação de Aleixo. O Paraná retomou e reforçou esse posto e em represália prendeu
20 carroças de Bernardo Olsen, carregadas de erva-mate vindas de Canoinhas, sob
acusação de contrabando do produto originário da área contestada.
Empresário
de grande visão, diversificou seus investimentos, em diversos setores. Ficker,
(1965, p. 434) traz a seguinte informação:
“Com
um capital de 85 contos de réis, fundou-se (em 1910) a “Empresa Ferro-Carril
Joinvilense” sendo sócios os Srs. Gustavo Grossenbacher, Adolf Trinks, Luiz
Ritzmann e Bernardo Olsen”.Importados da Europa, vieram os primeiros petrechos
já em maio de 1910, inclusive 4 500 metros de trilhos, 8 bondes a tração
animal, para passageiros (cada carro continha 6 bancos com lotação de 16
pessoas e um carroceiro), e mais 8 carros para carga. Inaugurou-se a primeira
linha de Bondes na presença de autoridades, empresários e grande massa popular.
Era o dia 29 de janeiro de 1911, um marco histórico na vida de Joinville.
Constituiu um dos aspectos mais curiosos e pitorescos a longa fila dos
bondinhos percorrendo as ruas dotadas de trilhos, vistosamente enfeitados e
decorados com flores e bandeiras, conduzindo a banda de música e convidados. O
público que assistiu das ruas e suas casas à passagem do cortejo de bondes,
ficou sob a mais alegre impressão”.
Nos
primeiro tempos, os bondes rodavam repletos de passageiros e mercadorias, dando
um bom lucro aos proprietários, mas com o passar do tempo os bondes deixaram de
ser novidade e os horários tiveram que ser mais espaçados, reduzindo o lucro.
Com a chegada dos automóveis, os trilhos, numa extensão de 7 quilômetros,
forram arrancados e em 10 de abril de 1917 o tráfego a bonde foi paralisado em
Joinville.
Apesar
de já estar com empreendimentos econômicos em Rio Negrinho e em Canoinhas,
continuou residindo em Lençol, no município de São Bento. Em 1917, registrou em
Lençol um estabelecimento comercial de 2a ordem, com venda de
bebidas. Na localidade de Estrada do Lago, abriu um comércio com venda de
munição. Na localidade de Ponte dos Vieira abriu um comércio com venda de
drogas.
No
ano de 1918 continuou com seu comércio em Lençol e na Estrada do Lago, e fechou
o da Ponte dos Vieira.
Em
1918 registrou em Rio Negrinho, uma casa de comércio de 2a. ordem, com
venda de bebidas e comida feita (restaurante). Em 1919 continuou com comércio
em Rio Negrinho, Campo de Lençol e Lençol.
Em
1920 encontra-se registrada em seu nome, uma casa de comércio em Rio Negrinho.
Era um estabelecimento comercial de 2a. ordem, com bebidas e
munições (sem restaurante) e ainda mantinha o comércio em Lençol, município de
São Bento do Sul.
Sobre
Bernardo Olsen, Kormann,(1980,p.66), assim se refere:
“O Sr. Bernardo Olsen, comerciante e
açougueiro em Lençol, pessoa dinâmica e próspera, adquiriu no raiar do século
XX uma enorme gleba de terra da Família Cardoso, as terras desta Família então
ainda perfaziam um vasto latifúndio por entre o Rio dos Bugres, o Rio Preto, a
Estrada Dona Francisca e nesta direção até os atuais limites do Município.
Consta que ao fecharem negócio a Família Cardoso, além das dívidas que ficavam
saldadas na loja do Sr. Bernardo Olsen, apenas reouve um saco de farinha e o
terreno todo estava pago.
Parte deste enorme terreno que Bernardo Olsen comprara da Família Cardoso, ficara para seu irmão Adolfo Olsen, cujos filhos, em parte ainda hoje o possuem e exploram.
Parte deste enorme terreno que Bernardo Olsen comprara da Família Cardoso, ficara para seu irmão Adolfo Olsen, cujos filhos, em parte ainda hoje o possuem e exploram.
O Sr. Bernardo Olsen que ficara com
outra parte, abriu no espigão, divisor das águas, uma estrada, loteou e vendeu
essas terras a filhos de colonos de São Bento que necessitavam de novas
propriedades e formou a Colônia Olsen, ou seja, São Pedro, como é comumente
chamada pelo nome de seu patrono. Nesta Colônia o Sr. Bernardo Olsen não se
esqueceu de doar um lote colonial para a construção da Igreja, Escola e Cemitério.
Pelos
registros consultados no Arquivo Histórico de São Bento do Sul, somente por
volta de 1920, é que ele foi residir em Marcilio Dias, acompanhado de sua
esposa Maria e seus filhos Francisco Waldemiro, Wiegando, Elfriede, Luiza,
Emílio Líbero e Rodolpho. Deixou em Rio Negrinho cuidando dos seus negócios,
além do Irmão Georg Joahannes Adolf, ou Adolfo Olsen, como era conhecido e seu
filho Luís Bernardo.
Na
Colônia São Bernardo, estação de Canoinhas, instalou um comércio de secos e
molhados e depósito de erva-mate, ao lado norte da atual casa da família Olsen.
Em
1919 inaugurou o serviço de lancha pelo rio Canoinhas, transportando erva-mate
de Major Vieira, até o porto de Marcilio Dias, localizado um pouco abaixo da
ponte metálica da estrada de ferro e já dentro do pátio da serraria Wiegando
Olsen. Do porto do rio Canoinhas, a erva-mate era transportada até a estação
ferroviária, para ser despachada para Joinville ou Curitiba pela ferrovia. Vendendo
terras, exportando erva-mate e beneficiando a madeira, ampliou sua fortuna e se
tornou o mais importante líder da Colônia São Bernardo, com participação
política na Câmara de Canoinhas.
Ao
fazer um pequeno histórico da maior serraria que existiu em Marcilio Dias, a
Wiegando Olsen S.A., Koslow, (1983, p.3) informa:
“Por volta de 1914,
chegava a Marcilio Dias, município de Canoinhas, a inconfundível figura de
Bernardo Olsen, e já em 1926, precisamente a 25 de março uma chaminé e o ruído
característico de uma pequeno quadro de serrar, assinalavam o início das atividades industriais da Wiegando Olsen S.A. no município."
No mausoléu
da família em Marcilio Dias, próximo ao túmulo do casal Bernardo e Maria Olsen,
estão sepultados os filhos: Luiza Olsen Trinks, e seu esposo Paulo Guilherme
Trinks; Emílio Olsen, Francisco Waldemiro Olsen; Há ainda um túmulo sem
identificação, cujos dados foram extraídos, por um ato de vandalismo. Nesta
foto do autor, os rostos em bronze do casal Olsen ainda estavam fixados no
túmulo.
Consultas:
KOSLOW,
Mario. TCC sobre a Empresa Wiegando Olsen S.A. Canoinhas: UnC, 1983, p.3.
FICKER,
Carlos. Historia de Joinville.
Joinville: Impressora Ipiranga, 1965, p. 434.
Arquivo
Histórico de São Bento do Sul. Pesquisas do autor.
KORMANN,
José. Rio Negrinho que eu conheci. Rio Negrinho: Ed. Do autor. 1980.
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