quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

6. A ERVA-MATE – RIQUEZA REGIONAL


 
              A erva-mate era conhecida dos índios e fazia parte da sua dieta como suplementação alimentar, aumentando a sua resistência nas caminhadas e caçadas. Folhas de erva-mate foram encontradas em túmulos pré-históricos nos Andes.
A erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil) tem sua ocorrência natural restrita a quatro países: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil está dispersa pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e uma pequena parte do Mato Grosso do Sul e em São Paulo. A erva-mate é nativa em uma área 450 000 m2, o que equivale a 5% do território nacional.
Os padres Jesuítas espanhóis ao reunirem os índios nas missões, tentaram suprimir a erva-mate da dieta diária, chamando-a de erva do diabo. Como os índios recusaram abandonar o hábito de consumir erva-mate, os padres resolveram controlar a sua produção e aperfeiçoaram as técnicas de plantio e de preparação. Por longos anos os padres controlaram a produção e o comércio do mate.
Com a expulsão dos Padres Jesuítas da América, o comércio da erva-mate passou a ser controlado pelo Paraguai.  O monopólio paraguaio e a política de preços altos desagradou os argentinos que produziam pouca erva, mas eram grandes consumidores, e dependiam da importação do produto. Um grande empresário argentino, Alzagaray, no ano de 1810 instalou em Morretes no Paraná, um engenho para fabricação da erva-mate no modo paraguaio, para exportação. Em poucos anos o Paraná se tornou o maior exportador de erva-mate do Brasil. No ano de 1853, ano da criação da província, o Paraná contava com 90 engenhos. Grande parte da erva usada como matéria prima pelo Paraná, era extraída de Santa Catarina, ao sul do rio negro, pelos rios Canoinhas, Paciência, Timbó e Negro e Iguaçu.
Santa Catarina somente participou da riqueza do mate a partir da abertura da Estrada Dona Francisca, ligando Joinville a Rio Negro e com a colonização de São Bento em 1873.  Em Joinville foi fundada a Cia. Industrial Catarinense, que se tornou a maior fábrica de erva-mate de Santa Catarina e instalou filiais em São Bento e Rio Negro.
A abundância de ervais nativos em Canoinhas atraiu muitos aventureiros em busca do ouro verde, entre eles Francisco de Paula Pereira e o descendente de noruegueses Bernardo Olsen.
A excepcional localização de Canoinhas, com suas vias de comunicação fluvial, a estrada de ferro, a grande serraria Lumber em Três Barras, a terra fértil para agricultura e ricos ervais, atraiu grande quantidade de imigrantes, colonos, comerciantes e artesões.
Terminada a guerra do Contestado em 1916 e com a tomada de posse por Santa Catarina do território ao sul do rio Negro e Iguaçu, o coronel Bernardo Olsen abriu uma colônia agrícola para colonos teuto-brasileiros. Para isso adquiriu uma área de 790 alqueires, onde está localizada a estação ferroviária e confinando com as terras da Câmara de Canoinhas. Estava fundada a Colônia São Bernardo, centro produtor de produtos agrícolas para subsistência e exportação. Além do comércio de lotes coloniais o casal Bernardo e Maria Olsen se dedicava ao comércio da erva-mate.  
 

 

Ervais como o da foto encontrava-se em toda a região do planalto de Santa Catarina, com grandes concentrações às margens do rios Canoinhas, Paciência, Negro e Iguaçu.

 Texto de Antonio Dias Mafra, Coordenador e Professor de História da UnC de Mafra.
 

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