segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O último trem

     Há 52 anos, trenzinho fazia última viagem de Marcílio Dias ao centro de Canoinhas


    O ramal foi desativado sem, em contrapartida, o município ganhar uma rodovia, o que de fato só aconteceria em 1977


    A vila de Marcílio Dias, onde existia a estação, era uma espécie de segundo centro de Canoinhas. Onde hoje está situada a prefeitura, havia o ponto final de um ramal ferroviário.

Nos fins de semana, era comum jovens embarcarem no ramal com destino a Marcílio Dias com o único objetivo de checar quem chegava de viagem. Ao lado da estação, havia um hotel e um restaurante.
Das viagens de carga e de pessoas, feitas intensamente até metade do século 20, o movimento foi reduzindo até que em 5 de novembro de 1966, aconteceu a última viagem do trenzinho, conhecido como Caxias, nessa fase transportando somente pessoas. O encerramento dos trabalhos foi acompanhado de protestos da população. O deputado Aroldo Carneiro de Carvalho chegou a publicar no jornal Correio do Norte um manifesto pela continuidade do serviço. “O nosso Caxias está ameaçado de desaparecimento.” O apelido vinha do fato de que o representante do ministro de Viação e Obras Públicas, Victor Konder, ao inaugurar o ramal ferroviário em 1930, prometeu estendê-lo até Caxias do Sul (RS), o que nunca aconteceu.
 
Adair Dittrich prestou homenagem ao trenzinho em 2017:
“Custa-me acreditar que o ramal seja deficitário. Se é tão pequeno o trecho e se os funcionários são poucos; se é muita e paga bom frete a madeira que se embarca em Canoinhas, se também o mate deixa boa renda por arroba carregada, como falar-se em prejuízo mensal?”, questionou.

O apelo de Carvalho não foi suficiente. Pior, o ramal foi desativado sem, em contrapartida, o município ganhar uma rodovia, o que de fato só aconteceria em 1977, com a BR-280, ligando Canoinhas a Mafra.
 Tempos depois de desativada, a ferrovia foi privatizada.
A América Latina Logística (ALL, hoje Rumo) deveria zelar e reativar o trecho de Mafra a Porto União. O que ocorreu foi bem o contrário. A estrada foi sucatada e abandonada. Em 2011, o governo deu prazo para que a então ALL apresentasse um plano de investimentos no trecho, o que até hoje não aconteceu.


Texto publicado no Portal JMais

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